sábado, 8 de dezembro de 2012

Abafa o caso!


Fontes com acesso aos altos escalões do governo confirmam que a ordem é de abafar o caso da Embrapa Internacional. Tarefa fácil, aliás, haja vista que nunca houve mal feito na criação no exterior de uma organização sem fins lucrativos, vinculada à Embrapa, ação autorizada pelo Estatuto da empresa e pela legislação vigente, ambos assinados pela Presidenta. Sendo assim, a pergunta não é porque abafar o caso, mas sim porque houve esse caso em primeiro lugar? Temo que nós, meros mortais nunca saberemos nem porque nem como. Sabemos sim que houve uma traição organizada em diversos níveis dentro e fora da nossa empresa, com o propósito claro de derrubar o Arraes e seus gestores e assessores mais leais, substituindo-os com pessoas de outro tipo, com escrúpulos mais flexíveis e lealdades diferentes. Como sabemos disso? Ora, muito simples, é só observar a presente configuração de oportunistas que ganharam com esse golpe.

Começando pelo atual presidente da Embrapa, sobre o qual já dissemos tudo o que havia de dizer, acompanhado de sua Diretora de Administração e Finanças. Sem dúvida, ganhadores nesse episódio sórdido na nossa querida Embrapa. Ainda não sabemos, lógico, quem manda em quem nessa dupla dinâmica. Com as rédeas do poder na mãos, esses dois não perderam tempo em trocar os gestores leais (não somente ao Arraes, mas à Embrapa), por exemplo da Secretaria de Relações Internacionais - SRI (que havia sido exonerado no golpe),da Secretaria de Comunicação - Secom e do Departamento de Gestão de Pessoas - DGP (que nada teve a ver com isso mas que teve a audácia de desempenhar sua função com competência e honestidade).

Por sua vez esses novos gestores já deram os primeiros passos para destruir todo um trabalho de construção que havia sido feito ao longo dos últimos anos. Na área internacional, por exemplo, a Embrapa conquistou um prestígio enorme perante a sociedade brasileira e os órgãos internacionais, como um agente do bem no desenvolvimento mundial. Isto em colaboração com o próprio governo brasileiro, especialmente o Itamaraty. Nada disso, a nova ideologia, na verdade muito antiga, é outra. Daqui em frente quem manda é a FAO, e o partido político que já tomou posse lá. Será coincidência que o novo chefe da SRI foi, em outros tempos, substituto do atual Diretor da FAO, e que passou os últimos anos aprimorando suas habilidades em Cuba? Aliás, não seria de surpreender que a sede da Embrapa Américas mude para essa ilha há décadas que sofre sob uma ditadura brutal alinhada com o mesmo partido.

No DGP, agora sob a gestão de uma assessora da Diretora, ainda não sabemos que mudanças serão impostas num corpo funcional já desgastado e descrente na empresa. Sabemos sim que não se fala em momento algum no golpe dado pela Diretora Vânia no nosso sistema de premiação. Convido a todos os colegas a averiguar aonde está o recurso da premiação que estamos acostumados a receber a cada ano. O recurso para essa premiação havia sido negociado com o governo anos atrás, como forma de reforçar salários baixos e estimular  um maior esforço e desempenho. Pois bem, neste ano e no ano seguinte, não haverá premiação! Aliás, o SINPAF sabe muito bem dessa traição com os próprios empregados e mantém o silêncio. Porque será? Como vemos, há traidores em todos os níveis.

O que podemos esperar da Secom, agora também controlada por uma ex-assessora da Diretora? Veremos, mas cabe lembrar que todas as ditaduras entendem perfeitamente o poder da propaganda. Quem controla a informação controla a população.

Voltando ao desfecho da tal sindicância, dizem que o relatório final estava pronto, e na última hora decidiram chamar novamente a Diretora Vânia para prestar mais esclarecimentos. Se for verdade, pode ser que querem ter certeza de que o caso pode ser abafado sem maiores conseqüências. Improvável que haja qualquer intenção de colocá-la na mesma situação com o Arraes e o Souza, mas nessa vida tudo é possível. Evidência de que o Arraes sobreviverá: já foi transferido para a Presidência da República, com cargo de Diretor de Programa! Tudo indica, portanto, que estamos quase no final. A não ser, claro, que o próprio Arraes demonstre mais uma vez a sua incapacidade de navegar as água turbulentas da política na capital federal.

sábado, 24 de novembro de 2012

Nesta altura do campeonato


Nossa intenção, e esperança, sempre foi de que a Sindicância sobre a Embrapa Internacional fosse conduzida de forma honesta e transparente. Ficamos calados durante a análise documental, e as "entrevistas" de dezenas de colegas, alguns envolvidos no assunto e outros nem tanto. Agora que estamos chegando ao final desse processo, cabem alguns comentários.

Nesta altura do campeonato, a sindicância instalada pelo MAPA já descobriu muitas fatos, como o de que não havia empresa particular e sim uma organização sem fins lucrativos; como que a mesma jamais movimentou um centavo, seja de recursos do Tesouro ou de terceiros;  como que a Embrapa Internacional foi criada com total transparência e amparo da legislação vigente; como que toda a Diretoria Executiva da Embrapa participou e aprovou da sua criação.  Tudo isso substanciado com documentos, informações públicas, e depoimentos.  Não obstante, alguns depoimentos tentaram manter a fantasia perversa de que houve mal feito, e mais, que a Diretoria nada sabia ou eram coagidos.

Alguns afirmaram que foram obrigados a colaborar com o suposto esquema, pelo autoritário e truculento Pedro Arraes. Seria risível se não fosse uma traição tão execrável. Quem conhece o ex-Presidente da  nossa empresa sabe que Arraes foi e é exatamente o contrário, ou seja, colaborativo e conciliador, talvez até demais, pois assim deixou espaço para que os traidores armassem as suas intrigas . Pior ainda, a Diretora Vânia teve a audácia de afirmar que não sabia de nada (onde já ouvimos isso?). Difícil acreditar, sendo ela uma das Diretoras da Embrapa Internacional, com autoridade sobre a conta bancária. Aliás, a Diretora teve de ir pessoalmente até a agência bancária em Washington para assinar documentos. Como será que ela conseguiu fazer isso sem tomar conhecimento de nada? Ah sim, estava sendo coagida pelo autoritário e truculento Arraes, quem a colocou como Chefe do PAC, a colocou como Diretora, e a nomeou sua substituta. É assim que se dá o troco, madame?

A boa notícia, se é que se pode definir assim, é parece que o Ministro e a Casa Civil já deram-se conta do erro que foi cometido. Ou talvez o objetivo já fosse alcançado, e não haveria mais necessidade de perseguir as vítimas.  Afinal de contas, o Arraes saiu, os traidores estão em seus cargos, as eleições acabaram, e dizem por aí que o Ministro está para sair. De qualquer forma, há indícios de que esta novela pode acabar logo. 

Nesta altura do campeonato, não há como se ter um final feliz, mas como dizem por aí, em campo do adversário empate é vitória.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Será que teremos uma sindicância honesta?


O novo presidente dirigiu-se aos empregados da Embrapa: “Aceitei essa tarefa com grande honra, mas consciente do desafio, talvez o maior da minha vida.”
Com certeza, se analisarmos o currículo do Presidente, temos de concordar que este certamente, e não “talvez” será seu maior desafio. Agora a eloqüência não basta, terá que mostrar resultados. Apesar das restrições quanto à sua competência e ética, para o bem da empresa que tanto amamos devemos desejar-lhe muito sucesso. Todos agora temos de apoiar a nova gestão, incluindo, é claro, a sua nova equipe de gestão (GPR, SGE, SRI).
Sobre a Embrapa Internacional, o novo presidente disse, em sua primeira entrevista no cargo “Houve um equívoco ou uma avaliação um pouco incorreta sobre o modelo mais adequado para operar no exterior... As razões da extinção serão apontadas futuramente, após a sindicância que está em processo”.

Isso gera um alto grau de incerteza, haja vista que decisões de profundo impacto para a Embrapa foram tomadas antes da sindicância haver sido sequer instalada. Na semana passada, um arquivo contendo as principais informações sobre a criação da Embrapa Internacional já foi encaminhada à Auditoria da Embrapa, a qual deverá encaminhar ao MAPA. A internacionalização iniciou-se há vários anos, e inclui a implantação de unidades em vários países em todo o mundo. Essas unidades normalmente são implantadas por decisão da Diretoria, e o Conselho de Administração aprova após o fato. Mesmo assim, os fatos mostram que o CONSAD vem discutindo a criação da Embrapa Internacional desde 2008. A afirmação de que essa unidade foi criada sem a aprovação do CONSAD não só é inverídica, também contraria a rotina de praxe.

O que podemos concluir disso tudo? Náo há como não concluir que foi tudo um pretexto para justificar o “golpe de estado” para a remoção do presidente Arraes. Não somente a remoção, mas a destruição da sua honra. Se o objetivo fosse somente trocar o presidente, teria sido muito fácil simplesmente não reconduzi-lo em agosto. Não, isso não causaria os danos que este suposto escândalo pode provocar. Agora temos essa incerteza – depois de criar essa “crise” e remover os indesejáveis Arrraes e Souza, substituindo por elementos mais aceitáveis aos que têm esse poder, o que será da tal sindicãncia? Será que eles podem permitir que a sindicância proceda honestamente, mostrando os fatos verdadeiros, e absolvendo Pedro Arraes, Basílio de Souza e sim, Vânia Castiglioni também, de qualquer malfeito?

Esperamos que sim, mas não estamos otimistas.

domingo, 14 de outubro de 2012

Comentários do Ministro Mendes Ribeiro


“a arquitetura do financiamento público, inicialmente com uma correspondência quase biunívoca entre o público e o nacional, hoje tem o nacional com o internacional e o público com o privado em uma arquitetura porosa e criativa. ... Uma demonstração disso é o recente acordo que firmei com o Reino Unido, onde a Embrapa apoiará o desenvolvimento agrícola de pequenos produtores de países africanos... A Embrapa de 2030 terá esforço maior na geração de conhecimento. A pesquisa será mais básica e feita em parcerias, em ousados arranjos institucionais. ... O crescimento nacional e internacional da Embrapa exigirá nova governança. Ajustes, necessários e difíceis, iniciados na atual administração, permitirão que, em 2030, nossos filhos possam continuar a se orgulhar desta grande empresa pública que é patrimônio nacional, a Embrapa.”

MENDES RIBEIRO FILHO, ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Folha de S.Paulo - Opinião - A Embrapa em 2030 - 06/05/2012


Pois bem, Ministro. Já vimos o que acontece quando se cria uma "arquitetura criativa", com "parcerias em ousados arranjos institucionais". Obrigado pelas belas palavras, que pelo jeito são somente isso.

Intrigas agropastoris


Intrigas agropastoris
EMBRAPA | A queda de Pedro Arraes expõe a disputa por poder na estatal

Por Samantha Maia

O executivo alega “motivos pessoais”, enquanto o governo o acusa de erros na criação da divisão internacional
Alguma coisa acontece na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa. Dois meses depois de ser reconduzido à presidência da estatal, após um mandato de três anos, o engenheiro agrônomo Pedro Arraes foi afastado de forma nebulosa e, até onde se pode ver, acabou atingido pelas disputas políticas típicas de Brasília.
Determinado pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), e publicado no Diário Oficial de 5 de outubro, o afastamento de Arraes, inicialmente temporário, foi acompanhado da exoneração do secretário de Relações Internacionais, Francisco Freitas de Souza. O mesmo ato instaurou uma sindicância para analisar a constituição do braço no exterior, a Embrapa Internacional, por “constatação de que houve descumprimento de preceitos legais e estatutários na criação da empresa”.
Antes mesmo da decisão do ministro, na segunda-feira 1º, Arraes pedira demissão por “motivos pessoais”. Na quarta-feira 10, a presidenta Dilma Rousseff nomeou para o seu lugar Maurício Antônio Lopes, até então diretor de Pesquisa e Desenvolvimento e quadro da empresa desde 1989. Engenheiro agrônomo com pós-doutorado pelo Departamento de Agricultura da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO-ONU), o novo presidente foi chefe da divisão de milho e sorgo.
O imbróglio que resultou na saída de Arraes veio acompanhado de boatos de que a Embrapa daria fim a suas pretensões internacionais. Os desdobramentos mais recentes, contudo, apontam para uma possível mudança de rumo do principal centro de pesquisa em agricultura no País. Com o risco de maior ingerência política, segundo alguns especialistas.
Após Arraes anunciar que lançaria em abril a empreitada internacional, o Ministro da Agricultura preferiu voltar algumas casas. Extinguiu a Embrapa Internacional, por supostamente ter sido criada sem a autorização de órgãos do governo ou do Conselho de Administração da estatal. E trabalha agora para recriar o braço internacional em novas bases jurídicas. Estopim para a queda de Arraes, primo do governador pernambucano Eduardo Campos e profissional experiente na agricultura, indicado pelo ex-ministro Reinhold Stephanes (PSD-SC). Seu mandato teria sido marcado por uma “excessiva independência” em relação ao atual comando do ministério, que agora buscaria recuperar as rédeas da companhia.
Os desencontros com a cúpula do governo não são de hoje. Em 2011, por ordem da Casa Civil, foi extinto o processo de seleção dos diretores da Embrapa baseado em critérios técnicos de recrutamento (pelo qual Arraes foi escolhido) por meio de um comitê de busca, outra herança do período Stephanes. O mandato de três anos para os diretores deixou de ser garantido. Nos dois casos, medidas que abririam espaço para maior interferência política.
Apesar de o modelo antigo de escolha de dirigentes em tese limitar a independência, o orçamento anual de 2,5 bilhões de reais alimenta as disputas internas, assim como a participação em projetos do PAC ligados ao monitoramento via satélite.
Entidades ligadas à agricultura familiar, por su vez, criticam o que consideram um peso excessivo dos interesses do agronegócio na condução da estatal. E empresários enxergam um enfraquecimento da Embrapa em comparação às pesquisas desenvolvidas pela iniciativa privada.
Especialista em agricultura, o engenheiro agrônomo e professor da Unicamp José Maria da Silveira considera que a Embrapa vive dividida entre atender as demandas das áreas sociais e os “jogos capitalistas! No mercado internacional. Para ele, a governança é ameaçada pelas pressões políticas. “A questão da Embrapa Internacional é uma parte pequena do problema. O que houve foi uma tentativa do Arraes de colocar uma governança mais forte. Tirá-lo me parece um interferência indevida.”
A dificuldade de a estatal manter a sua relevância, diz o especialista, passaria necessariamente por mais parcerias com grandes empresas internacionais, sempre criticadas pelos movimentos sociais ligados ao campo, com destaque para o MST.
Integrante da bancada ruralista, Stephanes recebeu a notícia da saída do próprio Arraes, a confirmar a proximidade de ambos. “Fiquei surpreso porque ele é uma pessoa enquadrada e tranquila. O motivo alegado na me pareceu algo que não pudesse ser resolvido internamente”, diz o hoje deputado, crítico da extinção do comitê de busca de dirigentes.
A saída de Arraes é, porém, festejada pela direção do sindicato dos trabalhadores da empresa. A categoria não fechou acordo salarial com o governo neste ano, segundo a representação sindical, por suposta intransigência do ex-presidente. Em relação ao novo chefe, a direção do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário (Sinpaf) diz esperar “mais diálogo”.
A internacionalização dos trabalhos da Embrapa faz parte da história da estatal de 39 anos, nos últimos tempos com foco reforçado na África. Acontece, em geral, por meio de parcerias de cooperação com governos mais pobres e não possui fins lucrativos. Criada por medida provisória no fim do governo Lula, em 2010, a alteração do estatuto para permitir a abertura de unidades de negócio no exterior dependia de decreto presidencial, publicado em junho deste ano.
A Embrapa Internacional teria sido, porém, criada antes disso, segundo o Ministério da Agricultura. E o Conselho de Administração teria tomado conhecimento apenas em agosto último durante reunião com Arraes. A sede seria constituída Em Delaware, nos Estados Unidos. O fato teria quebrado a confiança do governo em Arraes, apesar de fontes ligadas ao ministério garantirem não ter havido má-fé. A sindicância instaurada deverá verificar se houve irregularidade, mas o que consta até o omento é que a nova empresa não saiu do pepel.
Em 6 de abril, ao anunciar o lançamento da Embrapa Internacional para o dia 26 do mesmo mês, o então presidente da empresa mencionou a necessidade de acelerar a iniciativa para receber 2,5 bilhões de dólares que a Fundação Bill e Melinda Gates anunciou dispor para apoiar o desenvolvimento agrícola do continente africano. E informou que a mudança estava na “reta final”. Fatariam apenas os crivos dos ministérios da Fazenda, Planejamento, Agricultura e Casa Civil, um percurso evidentemente dilatado para quem conhece os meandros de Brasília.

Carta Capital - 17 de outubro de 2012


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Embrapa Internacional abortada antes de nascer


Saiu ontem no Diário Oficial da União a exoneração de Pedro Arraes da Presidência da Embrapa. Agora sim temos um só Presidente, o MAL. Devemos todos apoiá-lo nessa difícil função de gerir a empresa, no caso dele duplamente difícil pela necessidade de estar na frente dos microfones durante 4 horas por dia. Quantas entrevistas e coletivas já, e isso só no primeiro dia!

Já foi dissolvida a Embrapa Internacional, pessoa jurídica registradas nos Estados Unidos, sem sequer haver feito uma só operação. Pasmem, um processo que no Brasil demora 4 anos ocorre nos Estados Unidos em menor número de dias. A extinção da Embrapa Internacional foi determinada pelo Ministro Mendes Ribeiro em seu despacho de 05 de outubro.

Como é que um Ministro do governo brasileiro teria autoridade para ordenar o fechamento de uma fundação registrada em outro país? Muito simples: como a Embrapa é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, seus empregados estão subordinados ao Ministro da pasta. Agora começa a diversão: a Embrapa Internacional tinha em seu Estatuto uma Diretoria composta por três Diretores – o Presidente da Embrapa, o Diretor Executivo de Administração e Finanças da Embrapa, e o Chefe da Secretaria de Relações Internacionais da Embrapa. Reparem algumas coisas: 1) Não estamos falando das pessoas físicas de Pedro Arraes, Vânia Castiglioni e Basílio de Souza, tratava-se dos ocupantes desses cargos; 2) Os Diretores estavam proibidos de receber qualquer tipo de remuneração pelo cargo; e 3) Sim, é verdade, a Diretora Vânia também era Diretora da Embrapa Internacional. Pois bem, já que os Diretores da Embrapa Internacional eram empregados da Embrapa, sempre estiveram subordinados ao Ministro. Simples assim.

No despacho de 05 de outubro, o Ministro determina a extinção da Embrapa Internacional, o afastamento do Presidente Pedro Arraes, e a exoneração de Basílio de Souza.

A pergunta que não quer calar: porque é que Vânia Castiglioni, a terceira Diretora da Embrapa Internacional, recebeu tratamento diferenciado, não só permanecendo no cargo, mas também nomeada como Presidente Interina da Embrapa?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A Embrapa tem dois Presidentes!

Como dissemos ontem, Pedro Arraes continua sendo Presidente da Embrapa até ser exonerado. O Diário Oficial da União de hoje não traz a sua exoneração, portanto continua no cargo. O DOU traz sim a nomeação pela Presidente Dilma do novo Presidente, Maurício Antonio Lopes (MAL). Assim sendo, hoje temos dois Presidentes, o Arraes e o MAL. Vejam só quanta pressa!

No entanto, devemos parabenizar o MAL. Essa é mais uma conquista em uma carreira repleta de tais feitos. Na verdade, o MAL tem trabalhado árdua e longamente para isso, e finalmente seus esforços foram recompensados. Podemos extrair algumas lições dessa história.

1) Se o sujeito é um pesquisador medíocre, a solução é se tornar um gestor.  Entre 1985 e 2002, 4 publicações científicas (Qualis A) como primeiro autor. Desprezando artigos em circulares e aqueles tratando de temas filosóficos.

2) Se for um fracasso na gestão, a saída é ascender a um cargo maior ainda. Enquanto Chefe de P&D da Embrapa Milho e Sorgo, participou de decisões que afundaram a Embrapa nesse setor, hoje ocupando menos de 1% do mercado de sementes de milho no Brasil.

3) Se não souber administrar o sistema, sempre é possível destruí-lo e construir outro muito pior. Expulso do Milho e Sorgo, encontra um novo lar no Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Incapaz de tomar as medidas de gestão necessárias para sanar os problemas dos Programas Nacionais, os mesmos são destruídos e cria-se no seu lugar o SEG, com os famigerados Macroprogramas. A Embrapa abandona qualquer esperança  de ter foco e inteligência na sua programação.

4) Quando esse sistema fracassa, o melhor é se exilar no outro lado do planeta até que se esqueçam da porcaria que se fez. Como não há a mínima possibilidade de voltar a fazer pesquisa depois de tantos anos somente falando sobre ciência (muito bem, por sinal), o único que resta é publicar um blog. Diga-se de passagem, qualquer macaco pode fazer isto... Labex Coréia. Centenas de milhares de reais investidos; produto para a sociedade brasileira: um blog.

5) Quando um amigo te tira do exílio, e convida a assumir um alto cargo na sua gestão, a melhor estratégia é se auto-promover, e achar todas as oportunidades de trair o amigo e chefe. A atuação do MAL desde que assumiu a Diretoria está aí para todos verem. Matérias no todos.com, todos os dias; muitos discursos e palestras, para o qual tem verdadeiro talento; muitas viagens ao exterior, promovendo a sua imagem em vez de assumir o chato dever de Diretor; enquanto isso, a programação de P&D cada vez mais dispersa, menos produtiva, menos focada na solução dos problemas da agricultura brasileira. Sem falar, claro, na organização de uma gestão paralela, conluiando com uma outra Diretora (que não será nomeada aqui) e minando a autoridade do Presidente que lhe deu essa chance. Sem falar, claro, da traição de ir até o Ministro para tentar derrubar o Presidente, reclamando de sabe Deus o que, e certamente levando informações falsas mas com o medida certa de suspeição que somente um Diretor poderia fazer.

Tudo isso deu certo, e agora temos o resultado. Confirmam-se nossas suspeitas. Neste sistema, vence a mediocridade sobre a competência, vence a desonestidade sobre a integridade, vence a oratória bonita sobre a substância, vence a traição sobre a lealdade. Vence o MAL.