Fontes com acesso aos altos escalões do governo confirmam
que a ordem é de abafar o caso da Embrapa Internacional. Tarefa fácil, aliás,
haja vista que nunca houve mal feito na criação no exterior de uma organização
sem fins lucrativos, vinculada à Embrapa, ação autorizada pelo Estatuto da
empresa e pela legislação vigente, ambos assinados pela Presidenta. Sendo
assim, a pergunta não é porque abafar o caso, mas sim porque houve esse caso em
primeiro lugar? Temo que nós, meros mortais nunca saberemos nem porque nem
como. Sabemos sim que houve uma traição organizada em diversos níveis dentro e
fora da nossa empresa, com o propósito claro de derrubar o Arraes e seus
gestores e assessores mais leais, substituindo-os com pessoas de outro tipo,
com escrúpulos mais flexíveis e lealdades diferentes. Como sabemos disso? Ora,
muito simples, é só observar a presente configuração de oportunistas que
ganharam com esse golpe.
Começando pelo atual presidente da Embrapa, sobre o qual já
dissemos tudo o que havia de dizer, acompanhado de sua Diretora de
Administração e Finanças. Sem dúvida, ganhadores nesse episódio sórdido na
nossa querida Embrapa. Ainda não sabemos, lógico, quem manda em quem nessa dupla
dinâmica. Com as rédeas do poder na mãos, esses dois não perderam tempo em
trocar os gestores leais (não somente ao Arraes, mas à Embrapa), por exemplo da
Secretaria de Relações Internacionais - SRI (que havia sido exonerado no
golpe),da Secretaria de Comunicação - Secom e do Departamento de Gestão de
Pessoas - DGP (que nada teve a ver com isso mas que teve a audácia de
desempenhar sua função com competência e honestidade).
Por sua vez esses novos gestores já deram os primeiros
passos para destruir todo um trabalho de construção que havia sido feito ao
longo dos últimos anos. Na área internacional, por exemplo, a Embrapa
conquistou um prestígio enorme perante a sociedade brasileira e os órgãos
internacionais, como um agente do bem no desenvolvimento mundial. Isto em
colaboração com o próprio governo brasileiro, especialmente o Itamaraty. Nada
disso, a nova ideologia, na verdade muito antiga, é outra. Daqui em frente quem
manda é a FAO, e o partido político que já tomou posse lá. Será coincidência
que o novo chefe da SRI foi, em outros tempos, substituto do atual Diretor da
FAO, e que passou os últimos anos aprimorando suas habilidades em Cuba? Aliás,
não seria de surpreender que a sede da Embrapa Américas mude para essa ilha há
décadas que sofre sob uma ditadura brutal alinhada com o mesmo partido.
No DGP, agora sob a gestão de uma assessora da Diretora, ainda
não sabemos que mudanças serão impostas num corpo funcional já desgastado e
descrente na empresa. Sabemos sim que não se fala em momento algum no golpe
dado pela Diretora Vânia no nosso sistema de premiação. Convido a todos os
colegas a averiguar aonde está o recurso da premiação que estamos acostumados a
receber a cada ano. O recurso para essa premiação havia sido negociado com o
governo anos atrás, como forma de reforçar salários baixos e estimular um maior esforço e desempenho. Pois bem, neste
ano e no ano seguinte, não haverá premiação! Aliás, o SINPAF sabe muito bem dessa
traição com os próprios empregados e mantém o silêncio. Porque será? Como
vemos, há traidores em todos os níveis.
O que podemos esperar da Secom, agora também controlada por
uma ex-assessora da Diretora? Veremos, mas cabe lembrar que todas as ditaduras
entendem perfeitamente o poder da propaganda. Quem controla a informação
controla a população.
Voltando ao desfecho da tal sindicância, dizem que o relatório
final estava pronto, e na última hora decidiram chamar novamente a Diretora Vânia
para prestar mais esclarecimentos. Se for verdade, pode ser que querem ter
certeza de que o caso pode ser abafado sem maiores conseqüências. Improvável
que haja qualquer intenção de colocá-la na mesma situação com o Arraes e o
Souza, mas nessa vida tudo é possível. Evidência de que o Arraes sobreviverá:
já foi transferido para a Presidência da República, com cargo de Diretor de Programa!
Tudo indica, portanto, que estamos quase no final. A não ser, claro, que o
próprio Arraes demonstre mais uma vez a sua incapacidade de navegar as água
turbulentas da política na capital federal.